sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fazer, desfazer, refazer...




Refazendo tudo, refazenda...

Gilberto Gil




Nem sempre, ou melhor dizendo, quase nunca conseguimos fazer tudo tão bem quanto desejamos. Mas acreditar nessa possibilidade para toda e qualquer ação é uma ilusão deliciosa.

Pensando nisso, não posso deixar de lembrar de um fato do cotidiano que, para mim, teve muito valor. Foi quando fiz um bolo de cenoura com chocolate que saiu exatamente do jeitinho que eu queria. Meu irmão o chamou de "o bolo perfeito"...

Não, não passo dias e dias pensando em como fazer um bolo da melhor maneira, embora tenha que confessar que já dediquei bons momentos pensando em como aprimorar as minhas receitas. E quando saiu o tal do bolo perfeito, com toda a vaidade do mundo, fiquei tentando rememorar cada etapa para poder refazer tudo novamente, prazeirosamente, perfeitamente...

Por outro lado, também não posso deixar de lembrar de tanta coisa queria ter feito e acabei não conseguindo. Tanta coisa... Lembro aqui do que não escrevi na minha dissertação de mestrado, na minha tese de doutorado, nos meus artigos e, claro, neste blog. A verdade simples é que acabamos sempre fazendo o que é possível diante das circunstâncias em que estamos.

Estou sempre pensando no quanto posso fazer com aquilo que ainda não fiz. Em fazer coisas novas e refazer algumas coisas já feitas. Em me fazer sempre e me desfazer quando as coisas não dão certo. Enfim, em me refazer a cada nova "atuação", de acordo com o meu "placitum", conforme define Nietzsche (ver postagem anterior).

Essa necessidade, tão insistente, de atuar dessa maneira tem o seu lugar mais forte em mim na escrita. A cada palavra que escrevo, outra palavra surge impondo a necessidade da sua presença. E depois, isso ocorre com outra palavra e outra e outra. E essas palavras, sedutoras, vão me convencendo que devem entrar nos meus textos e que outras devem sumir. E o mesmo ocorre neste texto aqui, que estou agora, incessantemente, escrevendo, desescrevendo e reescrevendo...


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