sábado, 25 de setembro de 2010

Ouse...

Ouse, ouse... ouse tudo! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!

Lou Salomé

sábado, 18 de setembro de 2010

Bolo de cenoura com chocolate



Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.

trecho de Aninha e suas pedras, de Cora Coralina


Hoje fiz o meu primeiro bolo de cenoura com chocolate aqui no meu apê. Por um triz a arte não deu um trabalhinho extra, porque o bolo transbordou um tiquinho... É que o fermento era novo e a cozinheira empolgada! Mas no final das contas deu tudo certo... O bolo ficou fofinho e apetitoso, do jeito que deve ser pra gente receber elogios!

Receita

Numa travessa, misture:
- duas xícaras cheias de farinha
- duas xícaras rasas de açucar
- uma colher de sobremesa de fermento

Bata no liquidificador:

- uma xícara e meia de óleo
- seis ovos
- duas cenouras pequenas cortadinhas

Misture os ingredientes secos e molhados, despeje tudo numa fôrma untada com manteiga e leve ao forno pré-aquecido, à 180°C.

Cobertura

- um pote de achocolatado (eu uso toddy, e sem pão-durice)
- uma colher de sobremesa de manteiga
- um pouco de água

Leve ao fogo, deixe ferver e engrossar um pouquinho. Fure o bolo com um garfo e, em seguida, jogue uma parte da cobertura por cima. Essa cobertura precisa ser meio líquida (mas não muito) para que entre dentro do bolo. Deixe o restante da cobertura engrossar mais um pouco. Desligue o fogo e continue mexendo até que a calda começe a arear. Espalhe essa cobertura mais espessa por cima do bolo. Quando a cobertura secar, ela vai ficar crocante!
Et... voilà:


"é péssimo cozinheiro aquele que não pode lamber os próprios dedos"
(frase atribuída à Shakespeare)



Alguém disse uma vez que não é recomendável roubar um pedacinho do bolo antes que ele esteja pronto. Mas não fui eu (que disse...).

domingo, 12 de setembro de 2010

O Menino que Carregava água na Peneira (Manoel de Barros)

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira.

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

o menino fazia prodígos.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.