quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Terra, semente, corpo

Mexendo com a terra para construir um jardim e uma horta, acabei mexendo comigo também. Acho que foram as sementes de lavanda jogadas na terra que me levaram a divagar. Esta palavra: Lavanda! Que linda...! É uma palavra azul, roxa, rosa... lavanda. É palavra que muda de cor porque a lavanda parece variar de espectro nos diferentes horários das luzes do dia. Minhas sementes ainda têm uma cor muito pequenininha e se perdem na terra, ainda são cor de terra. Depois vão brotar, crescer e se transformar em outras cores.
As sementes na terra, as mãos na terra, o cio da terra, a terra.
Quando eu estiver morta, irei para dentro da terra e o meu corpo vai se decompor, vai se desmanchar e vai virar terra também. Nunca consegui pensar muito tempo sobre o meu corpo morto enterrado... Sempre foi assustador. Mas esta terra não é assustadora. Esta terra, que está nas minhas mãos, vivas, não é assustadora. É terra viva, cheia de pedaços de folha, casca, bichinhos, húmus... É preta, fofa, leve, cheirosa. Seria reconfortante o meu corpo dentro desta terra. As pessoas que trabalham com a terra, que vivem da terra, que sentem amor pela terra, talvez pensem assim também. Será?

Todos esses pensamentos, muitos breves, ligeiros de medo para permanecerem leves... não quero pensar muito nisso... esses pensamentos ficaram.


Um comentário:

Gugu Keller disse...

Que se semeie a pá e chão a paixão.
GK

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