"Superstição da simultaneidade – Coisas que ocorrem simultaneamente têm ligação, acredita-se. Um parente morre longe de nós, e ao mesmo tempo sonhamos com ele – portanto... mas morrem inúmeros parentes e não sonhamos com eles. O mesmo acontece com os náufragos que fazem votos : não se vê depois, na igreja, os ex-votos dos que pereceram. – Uma pessoa morre, uma coruja pia, um relógio pára, tudo na mesma hora da noite: não haveria uma relação entre essas coisas? Tal pressentimento supõe uma intimidade com a natureza que lisonjeia o ser humano – Reencontramos esse tipo de superstição numa forma refinada, em historiadores e em pintores da civilização, que costumam experimentar uma espécie de hidrofobia ante todas as justaposições sem sentido, nas quais é pródiga a existência dos indivíduos e dos povos".
Nietzsche - Humano, demasiado humano
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