domingo, 4 de outubro de 2009

Algumas utopias...





Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a presença distante das estrelas!

Das utopias - Mario Quintana


Quero morar em Paris
essa cidade
que se dá ao direito de realizar
grandiosamente
a cada construção
a cada espaço aberto
a cada canto escondido
e beco minúsculo
a metáfora da beleza.

Quero tentar
dolorosamente
amar menos Paris
ao ver como ela também constrói violências.

Quero tentar
apaixonadamente
aprender a amar os fios de alta tensão
das nossas cidades.

Quero continuar acreditando
que as pessoas não precisam do mínimo.
Pão-e-circo não deveria ser luxo.

Quero dizer à minha cidade,
que destruiu o seu teatro:
A arte nos faz humanos.

Quero continuar a sonhar que um dia
os chafarizes de Campinas funcionarão novamente.
Só porque são lindos.
Coisas lindas não podem também salvar uma vida?
Não acredito que somente hospitais e igrejas salvam vidas.
Música, poesia, sorrisos e chafarizes também podem salvar vidas.

Como era lindo quando o chafariz da minha universidade vivia!
Ele foi construído na praça central
no coeur
como símbolo da fonte do saber.
Que sentido tem o saber hoje, que não cuida da sua metáfora?

Amanhã também é o aniversário da minha universidade.
Quem sabe no próximo ano eu passe por lá e veja o meu chafariz.


Lembrando novamente Mário Quintana:

Emergência

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.



Nenhum comentário:

Postar um comentário