"O principezinho, que assistia à instalação de um enorme botão, bem sentiu que sairia dali uma aparição miraculosa; mas a flor não acabava mais de preparar-se, de preparar sua beleza, no seu verde quarto. Escolhia as cores com cuidado. Vestia-se lentamente, ajustava uma a uma suas pétalas. Não queria sair, como os cravos, amarrotada. No radioso esplendor da sua beleza é que ela queria aparecer. Ah ! sim. Era vaidosa. Sua misteriosa toalete, portanto, durara dias e dias.
E eis que uma bela manhã, justamente à hora do sol nascer, havia-se, afinal, mostrado.
E ela, que se preparara com tanto esmero, disse, bocejando:
- Ah ! eu acabo de despertar. . . Desculpa... Estou ainda toda despenteada...
O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto:
- Como és bonita!
- Não é? respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol...
O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente!"
O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry