sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

listinha...


Coisas essenciais que preciso comprar ainda neste ano: 

* ingredientes de uma receita de doce, 
* gerânios para o meu jardim 
* e fitas de gorgurão para mim... 



domingo, 9 de dezembro de 2012

Casa de mel

IRARUCA* 

Destino é o nome que damos 
à nossa comodidade, 
à covardia do não-risco,
do não-pegar-as-coisas-com-os-dentes. 

Quanto a mim,
pátria é o que eu chamo poesia
e todas as sensualidades: vida. 
Amor é o que eu chamo mar,
é o que eu chamo água. 

*(do tupi): casa de mel.

Olga Savary

domingo, 18 de novembro de 2012

parafraseando Drummond...


Eu não devia dizer... 
mas essa sensação de que eu perdi algo
e que talvez passe logo... 
e essa música
e esse vinho... 
botam a gente comovida como o diabo!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Simone de Beauvoir

« Vraiment, j'ai réussi ma vie, puisque j'ai réussi à peu près tous mes rêves. Simplement, il y a un moment où, quand on se retourne réflexivement sur sa vie, on s'aperçoit qu'une vie, même réussie, c'est sur un certain plan un échec, parce que ce n'est pas quelque chose, une vie, qu'on peut prendre dans ses mains, posséder, contempler : on n'a pas une vie, finalement. C'est exactement cela : les promesses ont été tenues mais, une promesse tenue, ce n'est pas ce qu'on se promettait, parce qu'on vise toujours l'être, l'absolu, et qu'on n'a jamais qu'une existence relative. Au fond, c'est très simple, je croyais, quand j'étais jeune, que j'avais une vie devant moi, mais une vie n'est jamais ni devant ni derrière, ce n'est pas quelque chose qu'on a, c'est quelque chose qui passe. » 

“Verdadeiramente, eu consegui me realizar em minha minha vida, porque eu consegui realizar quase todos os meus sonhos. Simplesmente, há um momento no qual, quando se retorna reflexivamente sobre sua vida, se percebe que uma vida, mesmo realizada, é sobre um certo plano uma derrota, porque a vida não é alguma coisa que se possa prender nas mãos, possuir, contemplar: não se tem uma vida, finalmente. É exatamente isso: as promessas foram feitas, mas uma promessa feita não é o que se prometeu, porque se visa sempre o ser, o absoluto e não temos jamais senão uma existência relativa. No fundo, é muito simples; eu acreditava, quando era jovem, que tinha uma vida diante de mim, mas uma vida não está jamais nem diante nem atrás, não é alguma coisa que se tem, é alguma coisa que passa.” 


sábado, 8 de setembro de 2012

da memória...


às vezes eu gosto de acender um cigarro só para ouvir o barulhinho da brasa queimando e ver a fumaça se desfazendo no ar, como o tempo... o tempo e a fumaça vão embora, enquanto a memória fica...




mas a memória também é brasa e fumaça, e também muda com o tempo... ela acende, queima e faz curvas... corre para um lado, depois voa para outro... ri, chora, sonha, apaga, esquece e depois acende de novo...

a memória imagina o que foi, e imagina diferente a cada vez... o passado da memória se contorna pelos acontecimentos do presente, se re-contorna de novas curvas, novas faíscas, novos sonhos, e retorna diferente... imaginação brinca com a memória, fumaça misteriosa, que se desfaz e refaz, indefinidamente...


domingo, 2 de setembro de 2012

e ...



As roseiras mais floridas, um botão de amarilis que surge feito mágica e três siriris que invadem este apartamento, mesmo com todas as janelas fechadas... Primavera!!!! Que gostoso te sentir chegando!!! Agora só falta você me dar: a cantoria das suas cigarras madrugadeiras, o ar cheio de umidade, e ... 


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Vaidosíssima


"O principezinho, que assistia à instalação de um enorme botão, bem sentiu que sairia dali uma aparição miraculosa; mas a flor não acabava mais de preparar-se, de preparar sua beleza, no seu verde quarto. Escolhia as cores com cuidado. Vestia-se lentamente, ajustava uma a uma suas pétalas. Não queria sair, como os cravos, amarrotada. No radioso esplendor da sua beleza é que ela queria aparecer. Ah ! sim. Era vaidosa. Sua misteriosa toalete, portanto, durara dias e dias. 
E eis que uma bela manhã, justamente à hora do sol nascer, havia-se, afinal, mostrado. E ela, que se preparara com tanto esmero, disse, bocejando: 
 - Ah ! eu acabo de despertar. . . Desculpa... Estou ainda toda despenteada... 
O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto: 
- Como és bonita! 
- Não é? respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol... 
O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente!" 

O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Nunca postei nada do Eduardo Galeano por aqui? Hora de começar... : )

La pálida 

Mis certezas desayunan dudas. Y hay días en que me siento extranjero en Montevideo y en cualquier otra parte. En esos días, días sin sol, noches sin luna, ningún lugar es mi lugar y no consigo reconocerme en nada, ni en nadie. Las palabras no se parecen a lo que nombran y ni siquiera se parecen a su propio sonido. Entonces no estoy donde estoy. Dejo mi cuerpo y me voy, lejos, a ninguna parte, y no quiero estar con nadie, ni siquiera conmigo, y no tengo, ni quiero tener, nombre ninguno: entonces pierdo las ganas de llamarme o ser llamado. 

Eduardo Galeano - El libro de los abrazos

terça-feira, 17 de julho de 2012

Uma verdade contraditória

Há coisas que não posso perdoar e nem esquecer. Mas uma coisa que consegui entender em mim é que, quando a falta é cometida por quem eu amo muito, o amor acaba sendo maior do que o não-perdão. 

Poder não perdoar – não perdoar mesmo! – e ainda assim amar – e amar demais! – é aceitar uma condição talvez contraditória, mas que é verdadeira em mim. 

Não quero ser o hipócrita que se policia para esconder a lembrança dolorida dos erros do outro quando ela vem à tona e nem o rancoroso que se veste com todas as armas para que impedir que o menor vestígio de amor se escancare no momento mais desprevenido. 

Eu decidi viver assim, sem apagar o que não pode ser apagado – o erro e o amor – porque todos erram e todos amam. E eu quero o não-perdão verdadeiro e o amor escancarado!

domingo, 1 de julho de 2012

Simples desejo

"que tal abrir a porta do dia
entrar sem pedir licença
sem parar pra pensar,
pensar em nada… 

legal ficar sorrindo à toa
sorrir pra qualquer pessoa 
andar sem rumo na rua" 



"eu não quero tudo de uma vez"... 
mas eu quero TU-DO!!! 

^_^

quarta-feira, 28 de março de 2012

these foolish things



A cigarette that bears a lipstick's traces,
An airline ticket to romantic places,
A fairgrounds painted swings,
These foolish things remind me of you.

A tinkling piano in the next apartment,
Those stumbling words that told you what my heart meant,
And still my heart has wings.
These foolish things remind me of you.
You came, you saw, you conquered me.

When you did that to me, I knew somehow
It had to be.

The winds of March that make my heart a dancer,
A telephone that rings but who's to answer.
Oh, how the thought of you clings.
These foolish things remind me of you.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Casamento de passarinho




uma pausa para ver
a tardinha
da minha janela
com nuvens cor-de-rosa
aviãozinho bimotor
helicóptero
carros, caminhões, carro de bombeiro
cachorros latindo em disputa
entre os muros de casas
e janelas de outros apartamentos

uma formiga passando por cima do papel
mosquitos, pessoas andando
tanto som de carro que até parece onda de mar

  mas obviamente
  eu prefiro onda de mar

a lua crescente
que já está lá no céu faz tempo
mas que só agora eu vi

quanto tempo você aguenta
Ana Cláudia
sem morrer de tédio
ou de saudade...

mosquitinhos pousando nas roseiras
dia fresquinho
de azul bonito
que é o azul da minha cidade

o bosque verde
o catavento em repouso
porque hoje resolveu não ter muito vento

uma brisa levíssima
e as andorinhas dando rasantes por aí

saudade das festas de casamento imaginárias
nos postes cheios de pardais

  aquele ali é o padre 
  aqueles dois mais pra lá são os noivos
  os convidados são os outros que estão mais pra lá ainda
  olha lá, vai dar briga
  
  qual é a noiva?
  
  é a que não tem barriguinha preta
  
  ah, tá bonito esse noivo
  de fraque e tudo

se não houvesse fios nos postes
não teria havido tanto casamento de passarinho



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Je ne regrette rien?


« Que vous sert, courtisane imparfaite, De n'avoir pas connu ce que pleurent les morts ? » 
- Et le ver rongera ta peau comme un remords. 

Charles Baudelaire, Les Fleurs du mal