quarta-feira, 21 de julho de 2010

Viajando...






Eu que nasci na era da fumaça: – trenzinho
vagaroso com vagarosas
paradas
em cada estaçãozinha pobre
para comprar
pastéis
pés-de-moleque
sonhos
principalmente sonhos!
porque as moças da cidade vinham olhar o trem passar:
elas suspirando maravilhosas viagens
e a gente com um desejo súbito de ali ficar morando
sempre... Nisto,
o apito da locomotiva
e o trem se afastando
e o trem arquejando
é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir
é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!
no entanto
eu gostava era mesmo de partir
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

Poema Transitório

Mário Quintana



As "férias" estão no finalzinho e a minha rotina entre Campinas e moNTANhas vai recomeçar. Não nasci na era da fumaça, mas queria que os trens voltassem! As estações, por mais pobres que possam ser, são muito mais charmosas do que os terminais rodoviários... Gosto de viajar, olhar a paisagem da janela e sonhar acordada. Às vezes vejo uma casinha bem no topo de uma montanha bem desenhadinha. Que lindo! Sinto como se eu estivesse em outro tempo. Mas não é isso. Há muitos tempos diferentes a um só tempo. Como eles conseguem viver ali? Como viver sem supermercado, sem cinema, sem cruzamentos e semáforos, sem todo o tipo de coisa supérfula que uma cidade produz? Ora, todas essas coisas não substituem um céu estrelado! Eu sou uma tonta por gostar tanto de morar na cidade...